Passados alguns dias do episódio do jogador Vinícius Jr., que repercutiu nos quatro cantos do mundo, no jogo entre Valencia e Real Madrid, quando o craque brasileiro, numa atitude combativa, à beira do campo, foi para cima dos racistas que o xingavam de mono (macaco em espanhol), o resultado é que a luta dele virou um símbolo mundial no combate ao racismo.
Nas horas seguintes aos ataques racistas que sofreu pelos torcedores e pela própria LaLiga – não nos esqueçamos que ele ainda levou um mata-leão do jogador adversário e foi expulso da partida -, Vini Jr. publicou mensagens repudiando a sequência de insultos que recebe em campo. “A cada rodada fora de casa uma surpresa desagradável. E foram muitas nessa temporada. Desejos de morte, boneco enforcado, muitos gritos criminosos… Tudo registrado”, denunciou. No total foram 10 jogos de criminosa marcação racista contra o boleiro da seleção brasileira.
A jornada de Vini Jr. saiu das quatros linhas do gramado. Virou um caso diplomático, o presidente Lula cobrou o governo da Espanha. A repercussão do caso saiu do noticiário esportivo e foi para toda sociedade, uma repercussão internacional de enorme visibilidade, primeira página do caderno de esportes do New York Times e de diversos jornais e noticiários internacionais.
O diário “Marca”, da Espanha, destacou na quarta-feira, 24 de maio, o impacto da luta de Vini Jr. contra o racismo no futebol espanhol, numa matéria intitulada: “As 48 horas que mudaram o futebol espanhol”.
“Um antes e um depois na LaLiga e no nosso país, onde nunca tinham atuado duramente contra ataques des[1]ta natureza. Até que o jogador brasileiro, farto de suportar tratamento desumano, disse basta. A Espanha estava em destaque em todo o mundo, e todas as instituições pediam para acabar com a impunidade. A nível desportivo e social, as mudanças começaram na segunda-feira. Decisões que, esperamos, mudarão o futebol espanhol para sempre”, publicou o “Marca”.
A cruzada do nosso jovem cidadão brasileiro, de 22 anos, nascido em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, trouxe não só para si, mas para todos os que sofrem o preconceito na pele, uma forte mobilização mundial que ultrapassou fronteiras na luta contra o racismo.